03 outubro 2007

Portugal e Espanha

É sabido que ninguém gosta mais de Espanha do que eu. Que ninguém defende com mais unhas e dentes este povo quando em Portugal se desdenha tudo o que vem do outro lado da fronteira.

E é por isso que estou à vontade para o dizer, ainda que correndo o risco de ofender alguns que nao se reverão nesta crítica: o povo espanhol é um bocadinho... errr, como o dizer? Arrogante!

Não que haja algum problema com isso até porque é sabido que um dos representantes mais famosos do mundo dessa característica humana não se tem dado mal e é hoje um homem rico. Tal como rico é este povo, que cresce a olhos vistos e é considerado hoje o modelo a seguir por toda a União Europeia.

Como prova do que digo, apresento apenas dois exemplos. Dois espanhóis, de classe média, formados e esclarecidos, vieram ter comigo e perguntaram-me em momentos diferentes:

- O Camacho a falar português é uma desgraça, não é? Vocês não preferiam que ele falasse castelhano?
(Sim, claro que preferíamos, tal como tu também preferias que um espanhol não tivesse nunca que passar pela humilhação de ter que falar português).

- Tu que és português, diz-me lá: Quem achas que perdeu o Eurobasket? O Pepu (treinador) ou o Pau (melhor jogador)?
(Parece que o debate em Espanha foi intenso sobre quem foi o responsável pela derrota no Eurobasket jogado em casa, mas nunca ocorreu a ninguém que talvez não tenha sido a Espanha a perdê-lo, mas sim a Rússia a ganhá-lo).

Vivemos tão perto uns dos outros e somos tão diferentes... nós somos os coitadinhos, eles são os eternos vencedores. Nós receamos, lamentamo-nos e queixamo-nos. Eles têm a certeza que são superiores e que ganharão sempre. Não sei quem é melhor e pior. Hoje os espanhóis estão por cima e talvez alguma dose do seu sucesso se deva a isto. Exageram nas suas convicções? Nao sei. Só sei que também não nos fazia mal nenhum um pouquinho mais de confiança em nós próprios...