16 janeiro 2006

Match Point (4/5)

Começo com uma ideia emprestada da fã número um deste blog (sim, que este blog também tem fãs): os filmes de Woody Allen sem Woody Allen têm muito mais piada do que aqueles em que ele entra.
É o caso deste “Match Point”, um filme que só no desenlace revela alguns sinais do saxofonista, pois até aí ninguém seria capaz de dizer que estávamos perante um filme seu. E talvez por isso me apetece dizer que este é o melhor Woody Allen de sempre, ao revelar uma capacidade até aqui desconhecida de escrever uma história sólida com princípio, meio e fim e de a filmar num registo que não é o seu. Ao ter revelado a difícil capacidade de se reinventar a si próprio, num momento em que já goza de um estatuto consolidado na indústria, Woody merece todo o reconhecimento que está a obter em Hollywood (como são exemplo as nomeações para os globos de ouro) apesar de se saber que não é isso que ele busca.
Surpreendente é também a prestação de Jonathan Rhys-Meyers como Chris Wilton (até aqui desconhecido do grande público), a personagem principal desta história que mistura ténis, alta-sociedade, ambição desmedida e amor. Tudo com a dose certa de realismo e seriedade que não estávamos habituados a ver em Woody Allen e com apenas uma cena - a do “julgamento” - a la Woody. Só que aqui, sem as habituais psicoses e personagens neuróticas que povoam os seus filmes, a cena acaba por resultar num grande momento cinematográfico, humorística e simultaneamente solene.
É Woody Allen no seu melhor, quem dera que fosse sempre assim...

4 Comments:

Blogger Andy said...

Só agora me apercebi que no momento em que escrevo este post, o filme ainda não estreou em Portugal. Ora tomem lá para não andarem sempre a dizer que este blog está parado no tempo por falta de actualização. Querem mais actual que isto?
É o que dá viver numa cidade onde as coisas REALMENTE acontecem.

16/1/06 19:28  
Blogger Ryder said...

Por acaso já vi o filme, numa ante-estreia, e não posso discordar mais. Woody Allen não é isto, e muito menos isto será Woody Allen no seu melhor!... Não deixa de ser um bom filme, mas não é Woody Allen e perde por isso. Realizadores capazes de fazer filmes como "Match Point" há muitos, mas capazes de fazer filmes como "Bananas" ou "Love and Death", "Crimes and Misdemeanors" ou "Bullets Over Broadway" não surgem por aí...

17/1/06 09:55  
Anonymous Anónimo said...

Saí do cinema a pensar que o factor sorte tem realmente uma quota-parte importante no rumo que as nossas vidas seguem...
E como a Scarlett Johansson enche a tela de cada vez que surge no écran... É a ninfa do século XXI do cinema americano de autor. Tem um "je ne sais quoi" que a torna numa diva ainda que nao sendo a mulher mais bonita do mundo...

17/1/06 23:21  
Blogger apipocamaisdoce said...

Todos os filmes (e livros) do Woody sao geniais. Com ou sem ele. Lamentavelmente, nem todos atingem o seu humor brilhante, mas pronto... o Woody também nao é para todos.

21/1/06 17:50  

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